A vista daqui é tão bonita! =)

A vista daqui é tão bonita! =)

Post primeiramente publicado no site Voce S/A

Ah, esta economia criativa, colaborativa, empreendedora que coloca o Brasil no Terceiro Milênio! Acha que é algo novo?

Lembrei-me do morador de rua chamado “Estilingue”! Alguns dias ele sorria para nós pequeninos meninos que buscavam diversão no centro de São Paulo.

No outro dia Estilingue não nos cumprimentava, nesses dias ele sacava seu caixote com cabos de aço e com uma colher tocava todo cancioneiro nordestino. Vibrávamos com Asa Branca, último Pau de Arara, Assum preto …

Tocava divinamente; “Ó meu amor, não vá embora! Por favor fique mais um pouquinho! Porque se não meu peito chora! Por favor fique mais um bocadinho …”

Muitos anos, depois acompanhei um músico Inglês pelas ruas de São Paulo. Reencontrei o amigo Estilingue, estava bem velhinho, marcado pelas nuances de morar em uma rua, mas sua genialidade melhorara.

Meu amigo Inglês disse: “imagina se este músico tivesse a oportunidade de estudar. Talvez, seria um Bach Brasileiro.” Faz muitos anos que não vejo Estilingue, provavelmente ele deve estar tocando em outras esferas não terrestres. Mas certamente aquele foi o primeiro amigo da economia criativa que conheci.

Anos depois, morando em Londres li no Jornal The Guardian uma matéria espetacular sobre um grupo de dança Brasileiro – Os Mineiros – do Grupo Corpo.

Lá fui eu, ver o espetáculo entrecortado com músicas Brasileiras e com pitadas de Bach. Ao final do show foram aplaudidos de pé aos gritos de “Brave, Brave, Fabulous, Fantastic” … Naquele dia um orgulho fantástico de ser Brasileiro.

Relembrei do meu avô materno que plantava e vendia mexerica em sua carroça! Tinha uma casa de sapê e um banheiro com fossa, lá em Alfenas Minas Gerais! Era um contador de histórias, um economista criativo.

Subi até o Cristo Redentor e escutei a melodia da bateria das escolas de Samba.

Peguei o Elevador Lacerda e assisti o gingado da Capoeira

Desci até o Espírito Santo e conheci a menina Crystal de 10 anos que deixa o mundo boquiaberto.

Naveguei pelo Xingu e conheci a sonoridade dos Índios

Na estrada Pantaneira, escutei o Berrante e sua Boiada.

Experimentei a coletividade do Chimarrão Gaúcho.

Senti a singeleza dos botos cor de rosa na Amazônia.

Ah, a vista é tão Bonita daqui!

E por que eu contei tudo isto? Para te dar um conselho!

São tempos exponenciais e nosso maior desafio é equlibrar a vida real e a vida digital.

Sim, sou apaixonado pela democracia das redes sociais. Mas tudo isto serve para voltarmos a ensinar nas praças públicas, conhecer mais pessoas na vida real, reencontrar amigos.

Desconecte-se e vá entender a economia criativa e o Brasil do novo milênio. Estes tempos fantásticos que vivemos.

Não se deixe levar pela sociedade imediatista e solitária.

Amanhã vou desconectar, vou escutar o cantos dos pássaros, vou escutar a histeria dos camelôs no centro da cidade, a poesia da ruas e o burburinho no escritório, deixarei minha mente vagar sem destino pelos ruídos comuns dos bastidores da vida humana e do tecido social.

Vou me relembrar de Eclesiastes 3

“Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;

Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;

Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;

Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora…”

Qual é o seu tempo? Boa viagem?

Os Fabulosos do Grupo Corpo

 

 

A dança do Xingu

 

Capoeira

 
Bateria do Carnaval

 
A pianista Crystal de 10 anos e sua genialidade

 
Os botos da Amazônia

 
O berrante e sua boiada

 
Tudo tem seu tempo – The Tudors